Carta a Portugal
Caro Portugal, nunca pensei nestes meus 22 anos ter de escrever o que escrevo hoje para ti, ao longo destes anos combati todos aqueles que com razão me diziam que íamos ao fundo, todos aqueles a quem eu dizia "és maluco, ainda vais dizer que eu tinha razão", hoje e depois de todos os anos e de tudo o que vivemos sou eu que sou obrigado a dizer que eles tinham razão, infelizmente vejo te hoje pior que nos anos de 1997 para a frente, vejo te completamente apodrecido e como se isso não fosse suficiente mau vejo tanta gente já sem esperança...
Eu sou um deles, meu caro Portugal, tudo o que tu me ensinaste durante a minha infância de que falar português era importante , que ser ordeiro e responsável era indispensável, descobri mais tarde que era apenas uma mentira, olhei á minha volta e vi que metade do meu pais já não fala português, que as novas gerações agora foram ensinadas a falar "brasilês", nada tenho contra ensinar brasileiro e criolo nas escolas, mas nunca esquecendo a nossa língua nativa, ninguém no mundo "esquece" a lingua mãe e ensina outras linguas ás suas crianças.
Mais tarde olho á minha volta e vejo a vida a dar a volta, mais roubos, mais criminalidade, a generalização de manifestações e um sem número de exemplos vindos de cima que nem me apetece recordar te meu velho Portugal.
O teu passado , as tuas glórias, o ouro que tinhas , tudo isso atado num só saco preto e lançado ao mar, tu alvejado no peito a atirado aos tubarões, nós o teu povo esquecido e colocado na rua á sua própria sorte.
Portugal hoje enterro te , aqui e agora com o meu sentimento mais triste enterro o caixão cheio de pedras e com as lágrimas que me caem do rosto despeço me de ti , espero que me perdoes mas a luta que me exiges não sou eu que a tenho de fazer, quando a fiz ainda era possível, hoje já nem espadas, armas ou canhões te podem salvar dos tubarões.
Perdoa me Portugal, Até sempre meu velho ...
02 Novembro de 2012
José Pina